Como secretário da Saúde, o médico Antônio Vieira pretende implementar o projeto inicialmente em um bairro com elevada incidência do mosquito aedes aegypti e com registros de ocorrência de casos de dengue, onde os pacientes atendidos de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde, também receberiam chá de cravo amarelo que vem sendo recomendado pelo médico Radjalma Cabral Lima. Ele considera que a partir dos resultados alcançados o modelo poderá ser replicado para outras áreas.
Uma proposta a ser implementada no projeto é a mobilização dos alunos da rede escolar municipal como agentes formadores de opinião e difusores de informações nas comunidades onde vivem: “A idéia é transformar Itabuna numa cidade livre da dengue e do aedes aegypti. Além da participação dos alunos, os agentes de saúde vão atuar na identificação dos casos de dengue para montagem de um estudo comparativo, que servirá como uma base de dados,” argumentou.
O médico apresentou um relato de um trabalho de pesquisa iniciado no ano de 1999, na Cooperativa Pindorama, em Alagoas, que teve continuidade em 2000, no município de Caruaru, Pernambuco, e no período 2001 a 2006, em Rio Branco, no Acre, quando divulgou um artigo intitulado Cravos Amarelos x Dengue. Ele esteve semana passada em Itabuna, em companhia da cantora Margareth Menezes e Robson Costa, quando apresentou o projeto.
Radjalma Cabral de Lima, que trabalha há dois anos em Cipó, a 240 quilômetros de Salvador, informou sobre a sua experiência no uso do chá do cravo de defunto, conhecido cientificamente como Tagetes patula L., no tratamento da dengue. Explicou que as folhas da planta podem ser usadas como repelente do mosquito, larvicida e mesmo como analgésico e antitérmico, em forma de chá que deve ser bebido ainda morno, ajudando a debelar a doença.
O trabalho foi apresentado em 2006 numa mostra de Vivências Inovadoras de Gestão Participativa do SUS, e no Seminário Internacional de Atenção Primária à Saúde da Família, em agosto do ano passado. O autor também cita como referência bibliográfica, um estudo realizado pela Universidade de Los Andes, em Mérida, Venezuela, que mostra a ação da Tagetes patula como repelente do aedes, dos anofelinos e do cúlex, além de ter uma ação antibacteriana de largo espectro.
Segundo o médico Radjalma, o chá das flores ou folhas da planta também conhecida como cravo-de-defunto é usado também na medicina popular contra angina, tosse, como antiespasmódico, anti-reumático e contra cólicas uterinas. Ele conta que tudo começou num surto epidêmico ocorrido em Alagoas, onde recomendava a todos os pacientes que apresentavam dor muscular ou articular generalizada, com febre, independentemente do diagnóstico, que fossem ministrados goles do chá ainda morno, com excelentes resultados.
O mesmo tratamento ele aplicou quando trabalhou no PSF em Caruaru, Pernambuco, com resultados similares. Lembra ainda que o cravo-de-defunto é uma planta originária do México e suas propriedades terapêuticas são reconhecidas desde o tempo dos astecas. Nos países de língua inglesa, ela é denominada marigold e african marigold. No México, na América Central e na América do Sul (exceto o Brasil) é conhecida como cempasuchil (do nahuatl, língua falada pelos astecas, cempohualxochitl), amarillo e flor de muerto.
Segundo o médico, não é recomendável que as pessoas se automediquem. Ele diz que antes de tomar o chá de cravo-de-defunto, ou qualquer outra medicação, a pessoa deve consultar o seu médico até para saber se o que tem é mesmo dengue, uma doença tropical cuja incidência tem crescido sendo registrados casos em dezenas de países, inclusive Argentina e Bolívia. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Itabuna).