Os brasileiros estão vivendo cada vez mais, mas o país não vem oferecendo aos idosos infraestrutura suficiente para garantir uma velhice saudável. A conclusão é do estudo “Indicadores demográficos e de saúde no Brasil”, divulgado na última quarta-feira (02) pelo IBGE. Estimada em 33,7 anos em 1900, a expectativa de vida ao nascer de um brasileiro, que em 2005 era de 72,1 anos, em 2030 deverá ser de 78,33. Atingidos por doenças crônicas (o percentual era de 75,5% em 2003), a grande maioria deles (71%) não tem plano de saúde e, portanto, depende do sistema público, onde a oferta de equipamentos para exames, também segundo dados da pesquisa do IBGE, é menor em relação à rede privada.
“Os grandes centros urbanos, embora já apresentem um perfil demográfico semelhante ao dos países mais desenvolvidos, ainda não dispõem de uma infraestrutura de serviços que dê conta das demandas decorrentes das transformações demográficas vigentes”, atesta o estudo.
Oferta de equipamentos de diagnóstico é desigual Embora dentro dos parâmetros da portaria 1.101 do Ministério da Saúde, em quase todos os casos (com exceção do raio X para densitometria óssea) a oferta dos equipamentos entre os setores público e privado é desigual. Dados do novo estudo, retirados da Pesquisa de Assistência Médico Sanitária, de 2005, mostram, por exemplo, que o número de aparelhos de ultrassom chegava a 246,8 por um milhão de habitantes nos hospitais privados e era de apenas 31,3 no Sistema Único de Saúde. O custo da internação per capita no SUS também aumenta com a idade: R$ 93 por idoso na faixa etária de 60 a 69 anos, para R$ 179 entre os com 80 anos ou mais.
— Esses dados nos colocam, além da discrepância, a possibilidade de que a falta de acesso possa prejudicar o atendimento — diz o pesquisador Marco Antônio Andreazzi, do IBGE, ressaltando que, apesar de menor do que no setor privado, o número de equipamentos para diagnóstico no setor público cresceu 20% em 2005 em relação a 1999.
O câncer passou a matar mais idosos, segundo dados do Ministério da Saúde utilizados pela pesquisa do IBGE. De 1996 para 2005, o percentual das pessoas com mais de 60 anos que morreram com neoplasias passou de 13,3% a 16%. A “responsabilidade em proteger o contingente de idosos, em processo de crescimento”, apontada pelo estudo, se confirma por outra projeção: enquanto em 2000, para cada grupo de 100 pessoas em idade ativa, 13,1 eram idosos, em 2050, esse número chegará a 52,1, segundo o instituto.
A série histórica divulgada pelo IBGE mostra que, até meados do século passado, o brasileiro vivia em média trinta anos a menos do que nos primeiros anos do século XXI. (Fonte: O Globo)