O dia 18 de maio marca, no Brasil, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Esta data, instaurada em 1987 na cidade de Bauru, durante o Congresso de Trabalhadores de Serviços de Saúde Mental, deu visibilidade ao Movimento da Luta Antimanicomial, adotando o lema "Por uma sociedade sem manicômios" e inaugurando uma nova trajetória da proposta de Reforma Psiquiátrica Brasileira. Seus objetivos são, desde então, propor não só mudanças no cenário da Atenção à Saúde Mental, mas, principalmente, questionar as relações de estigma e exclusão que social e culturalmente se estabeleceram para as pessoas que vivem e convivem com os “transtornos mentais”.
É tempo de comemorar! Mas também é tempo de ficar atento para que conquistas históricas não vivam retrocessos e nos envergonhem enquanto sociedade, enquanto cidadania. A Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Jacobina tem sido parceira desta luta, combatendo as lógicas de exclusão e buscando contribuir para a construção de práticas inclusivas em saúde mental.
Em Jacobina, os CAPS em particular, coordenados pelo psicólogo Bruno Nunes participam efetivamente em diferentes espaços comunitários e através de seus representantes, defende a necessidade urgente da implementação de outros espaços substitutivos ao modelo manicomial.
Propõem que se ofereçam formas de tratamento mais humanizadoras em todo o Brasil e que protejam seus usuários contra qualquer forma de abuso ou exploração conforme determinação da Lei de Reforma Psiquiátrica nº 10.216/2001.
Como parte desse processo, hoje 18, quando é comemorado o Dia Nacional da Luta antimanicomial, a Coordenação de Saúde Mental e os CAPS organizaram uma manifestação pelo centro da cidade, onde participaram, em um mesmo espaço, clientes dos CAPS AD e II, familiares, equipe e comunidade. A manifestação terminou no Centro Cultural Edmundo Isidoro dos Santos, onde foi apresentado peça de teatro, palestra e mostra do trabalho artesanal realizado pelos usuários.
Como pode ser observado no evento de hoje, o sistema, quando nada em Jacobina, funciona plenamente, já que dezenas de clientes dos dois CAPS saíram às ruas, participaram de toda a seqüência de atos no Centro Cultural, sem efetivamente “morder” ninguém. É bom lembrar que este trabalho vinha se arrastando há muito tempo e foi retomado em Janeiro com vigor. Hoje já se apresenta como alternativa aprovada da tese que defendem os movimentos antimanicomiais.
O Psicólogo Bruno Nunes: “Este é um dia muito importante para todos nós profissionais da saúde, especialmente a saúde mental. Entendemos que precisamos sim, ampliar o número de espaços e serviços que acolham os sujeitos em momentos de sofrimento psíquico grave. Porém, estes espaços não podem ser regidos pela mesma lógica excludente e de segregação delineada nas estruturas manicomiais, ainda presente em muitas das ações daqueles que pensam, planejam e trabalham em serviços de atenção em saúde mental no Brasil. Graças a Deus a atual administração não tem poupado esforços para viabilizar as condições de trabalho e oferecer um atendimento digno aos clientes e usuários” – disse.
A psicóloga Amália Tude Saback: “Não podemos entender como ações de atenção à saúde (incluindo a saúde mental), podem ser realizadas em instituições que estigmatizam, excluem, proíbem a participação de outros elementos no processo terapêutico que não só os puramente biomédicos. Com certeza, não basta mudarmos os locais de atenção, é preciso desconstruir os “manicômios” que nos habitam. As instituições são para a gente usar como ponte para chegar à sociedade, como estamos fazendo hoje; provando que é possível conviver sem estigmatizar.” – disse.
Segundo Bruno, os CAPS AD e II, funcionam desde janeiro de 2009 buscando inserir o usuário em sua comunidade, preocupando-se para que essas unidades não reproduzam o modelo hospitalocentrico tão combatido pela Luta. Com uma visão diferenciada, já atenderam 2060 clientes em diversas situações. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Jacobina).