Governo seleciona 71 plantas para fitoterapia

O Ministério da Saúde deu o primeiro passo para aumentar o número de remédios feitos à base de plantas medicinais e oferecê-los pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na imensidão verde, médico nem pensar! Mas peão pantaneiro conhece as plantas que curam. "Esse é o fedegoso, é bom para dor de estômago", ensina um peão. O que para a gente é só uma casca, para eles é remédio. "Para dor de barriga, para febre, para estômago, para todas as coisas ela serve, por isso chama paratudo”, explica o botânico Arnildo Pott.

Duas mil espécies de plantas pantaneiras já foram identificadas. "Tem muita coisa conhecida e muita coisa por descobrir. Mas o primeiro passo é a gente saber que espécie é. A seiva e o princípio ativo travam a língua. É um adstringente e essa adstringência que é o cicatrizante", aponta mais um peão. Usar remédios naturais não é privilégio só de quem vive no mato. "A menta é usada para expectorar, quando você está resfriada tem um cheiro forte", explica a empresária Márcia Chiad.

Se adoece, Márcia não procura uma farmácia, vai ao quintal. “Eu comecei assim, cultivando uma coisinha ou outra. Hoje, estou com umas 70, 80 espécies e eu uso mesmo", diz a empresária. Usar plantas medicinais é um costume do brasileiro. De norte a sul do país, tem sempre um mercado como esse com vários tipos de ervas. Muitas plantas foram pesquisadas e cientificamente foi comprovada a presença de princípios ativos e a eficácia no tratamento de doenças.

Por isso, o Ministério da Saúde anunciou uma lista com 71 nomes de plantas de interesse terapêutico. Isso significa que, se forem desenvolvidos medicamentos fitoterápicos a base de plantas, o SUS pode disponibilizá-los para a população. “Nós chegamos a esse número, 71, na realidade, é para tentar focar um pouquinho mais as pesquisas, concentrar as pesquisas nessas plantas”, afirma Kátia Torres, técnica do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde.

A estimativa é de que 2 mil plantas brasileiras sejam usadas como remédios naturais pela população. Marina é diabética: segue a receita do médico e da cultura popular. “Tudo beleza. Vim para comprar minha planta e ser feliz”, ela conta. (Fonte: Jornal Nacional).