Maioria da manga produzida no sudoeste é para exportação

No portal da Chapada Diamantina, na região sudoeste, as belas e ricas paisagens montanhosas com suas cachoeiras e monumentos históricos não são os únicos atrativos do local. As culturas de manga e maracujá nos municípios de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio, distantes 720 quilômetros de Salvador e próximos da histórica Rio de Contas, encontraram condições propícias de clima e solo para prosperar. Mas, o aumento da produtividade e da renda dos produtores só veio com a introdução de novas tecnologias e estrutura organizacional das comunidades.

Das 120 mil toneladas de manga produzidas no Perímetro Irrigado (10 mil toneladas de maracujá), 60% são destinadas à exportação, sendo 80% desse percentual para a Europa e os restantes para Estados Unidos, Canadá e outros países através do Porto de Salvador, como informa o presidente da Associação dos Produtores de Frutas do Perímetro Irrigado de Brumado (ASPIB), Moacyr Coladetti.
Para o mercado interno os municípios da região, Salvador, Minas Gerais (Belo Horizonte), São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul são os maiores consumidores da manga produzida no sudoeste baiano. Segundo o presidente da associação, que conta com cerca de 90 filiados, a produção de Livramento e Dom Basílio é hoje de boa qualidade com demanda crescente graças ao suporte técnico e a gestão comercial do Sebrae e demais parceiros do projeto.
A safra deste ano (normalmente é de março a dezembro) sofreu atraso devido ao clima que não ajudou e só vai começar em agosto, mas esse imprevisto está sendo compensado com a melhoria dos preços em torno de R$1,00 o quilo da manga que dão para cobrir os custos de produção – disse Coladetti.
Nos últimos dez anos, a fruticultura irrigada na região se expandiu e se tornou o principal esteio de desenvolvimento econômico e social dos municípios. De acordo com dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a região já ocupa a segunda maior área de produção de manga do Estado, perdendo apenas para o Vale do São Francisco, em Juazeiro e Petrolina.
As áreas de produção de manga das variedades Tommy, Palmer e Rosa e de maracujá do tipo Amarelo, antes ocupadas com lavouras de subsistência como feijão, milho, banana e arroz até meados da década de 90, são hoje cultivadas por agricultores familiares, na maior parte com até dois hectares, conquistando espaços nos mercados interno e externo.
Todo perímetro irrigado tem uma área de 10 mil hectares, e o maior problema até hoje, desde sua implantação no final da década de 80, é com a falta de água e o seu desperdício com o uso de bombas irregulares. De toda produção do projeto, manga e maracujá são responsáveis por mais de 90%. Além do apelo para economia de água, as associações dos produtores e os parceiros do projeto estão cada vez mais empenhados em incentivar a produção pelo sistema orgânico.
Com organização comercial e suporte técnico de órgãos públicos como Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), Empresa Bahiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Banco do Brasil, do Sebrae e das prefeituras municipais, a atividade agrícola ganhou impulso, gerando trabalho e renda para milhares de famílias da região.
A gestora de projetos na área de fruticultura do Sebrae em Brumado (Coordenadoria Regional de Vitória da Conquista), Mônica Risério de Carvalho Teixeira, aponta que a região se consolidou como grande fornecedora de frutos de qualidade, especialmente de manga com o uso da indução floral em mangueiras.
Dentre os pontos favoráveis em relação com outras regiões produtoras, ela cita a irrigação que é feita por gravidade, reduzindo o gasto energético e os custos de produção. Outro aspecto positivo é o monitoramento de moscas das frutas feito pelas associações dos produtores, em parceria com a ADAB e o Projeto da Biofábrica Moscamed Brasil. Também, a construção de uma unidade de empacotamento pela Fundação Banco do Brasil proporcionou mais qualidade e aumento nos preços do produto no mercado.
Orgânicos e certificação - Até pouco tempo as frutas produzidas em Livramento e Dom Basílio não podiam ser exportadas para outros países porque não tinham a certificação PIF – Produção Integrada de Frutas e a Certificação para Exportar para a Europa. Com o Bônus Certificação, numa parceria Sebrae/Inmetro, hoje 23 fruticultores da Cooperativa dos Pequenos Produtores de Frutas de Livramento e Região - Copefrul já têm o selo que dá garantia de exportação. No momento, a cooperativa está tentando conseguir a Certificação Comércio Justo – Fair Trade, através de recursos de R$200 mil do Edital do Comércio Justo do Sebrae Nacional.
As ações para a qualificação dos agricultores estão sendo feitas por estas entidades desde 2002, com resultados positivos, como vem acontecendo nas comunidades de Rio Baixo (Copefrul) e Associação Comunitária de Lourenço. Para tornar o grupo mais forte e ampliar os acessos aos mercados, a gestora do Sebrae considera fundamental a continuidade dessas atividades, principalmente, nas áreas de manejo, inovação, processo de beneficiamento, gestão associativa e empresarial.
Mas, ainda existem grandes desafios a vencer, conforme assinala Mônica Risério, como promover a adequada gestão dos recursos hídricos. Com esta ação, os pequenos fruticultores esperam ampliar os mercados interno e externo (Japão, Estados Unidos e Europa) nos próximos cinco anos, inclusive com a inclusão de produtos orgânicos. Na busca de mais espaço no segmento comercial, os produtores pretendem ainda implantar uma unidade de beneficiamento de frutos excedentes; diversificar as culturas; e ampliar o acesso à tecnologia de produção.
Em 2008 os parceiros na região fecharam um acordo, criando o Projeto Fruticultura Livramento e Dom Basílio, com estabelecimento de metas de trabalho até 2010. A intenção é aumentar em 30% a renda média dos produtores; elevar em 45% as vendas coletivas da Copefrul; iniciar a comercialização coletiva da Comunidade do Lourenço, passando de 20 fruticultores em 2009 para 30 no próximo ano; e converter 5% dos pomares da cooperativa em agricultura orgânica.
Para melhoria da produtividade e qualidade das culturas, o plano visa também contratar consultorias para coordenação das ações; realizar análises para certificação; aplicar gestão de qualidade, com instalação de equipamentos modernos; e adequar a legislação atual do setor agrícola dentro das exigências mercadológicas.(Fonte: Ascom do Sebrae Bahia).