Consórcio Aliança qualifica 3 mil jovens do Nordeste em sua 2ª edição

Ao final da 2ª edição, o Consórcio Social da Juventude Rural - Aliança com Jovens comemora a qualificação de 3 mil jovens nordestinos. Desenvolvido em sete estados (Bahia, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), o projeto levou a 73 localidades da região Nordeste, qualificação profissional para filhos e filhas de trabalhadores rurais.


Para apresentar os resultados do Consórcio Aliança, como demonstração do sucesso dessa política para a juventude rural, no próximo dia 17 de abril, às 10h, no Stella Maris Resort, em Salvador (BA), será realizado um evento com a presença dos principais envolvidos. Além de 400 jovens beneficiados, também estarão presentes os ministros Carlos Lupi (Trabalho e Emprego) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), o governador Jaques Wagner e representantes dos demais estados e municípios contemplados.
O Consórcio Social da Juventude Rural é uma ação complementar entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no contexto do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para Jovens (PNPE), e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no âmbito do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). O total de recursos investidos é de aproximadamente R$ 5,4 milhões, sendo R$ 4,8 milhões do MTE, R$ 360 mil do MDA e R$ 240 mil da Secretaria do Turismo do Estado da Bahia. Da soma, cerca de R$ 1,8 milhão foi destinado ao pagamento de bolsa-auxílio.
Como coordenadora do projeto, a diretora do Instituto Aliança, que é entidade âncora do Consórcio, Solange Leite explica os benefícios da iniciativa. Para ela “esse Consórcio visa integrar e assegurar a participação da sociedade civil na execução das ações, assim como a participação do setor privado na ampliação das oportunidades de trabalho e de atuação social para os/as jovens da área rural”. Em todo o Nordeste, 26 organizações da sociedade civil ministraram 400 horas de cursos em quatro meses, sendo destaques a piscicultura, caprinoovinocultura, beneficiamento e processamento de frutas e produtos derivados do leite, apicultura e atividades do ramo turístico. Além de receberem bolsa-auxílio mensal no valor de R$ 150 durante o curso de qualificação, os jovens oferecerem como contrapartida 125 horas de serviços voluntários, ao longo de 10 meses.
Contando com a parceria do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Turismo, que assegurou os recursos relativos à contrapartida do Consórcio Aliança, 42% das vagas foram destinadas aos municípios baianos. Desta forma, 1.245 jovens, de 21 localidades, de nove Territórios de Identidade da Bahia (Vale do Jiquiriçá, Semi-árido Nordeste II, Litoral Sul, Baixo Sul, Sisal, Recôncavo, Extremo Sul, RMS e Chapada Diamantina) foram qualificados.
Enxergando oportunidades no mercado regional, 141 filhos de agricultores familiares se organizaram em dez associações produtivas, reunindo os conhecimentos adquiridos durante os quatro meses de curso, bem como a experiência desenvolvida ao longo da vida no campo. Entre elas, as associações Jovens Ponta e Ancural (Ajopan) e Jovens em Ação do Assentamento Mata do Sossego (AJA), ambas de Igrapiúna, reúnem 47 empreendedores que hoje trabalham com a criação de galinha caipira e a comercialização de peixes em tanques, respectivamente.
Resultados – Esta edição superou a meta inicial de inserção no mundo do trabalho em 61%, alcançando a marca de 1.450 jovens com emprego formal ou outras formas alternativas geradoras de renda. Outro dado positivo é o baixo índice de evasão, cerca de 4,5%, o correspondente a 134 alunos. Os números da evasão escolar entre jovens, de acordo com dados do Censo Escolar do MEC de 2007, são alarmantes. Dos 3,6 milhões de jovens que se matriculam no ensino médio, apenas 1,8 milhão concluem esse nível. A taxa de abandono é de 13,3% no ensino médio contra 6,7% de 5ª a 8ª série e 3,2% de 1ª a 4ª série.
Inclusão Social – Buscou-se atender a estudantes matriculados no Ensino Fundamental ou Médio, nas Escolas Agrotécnicas, Escolas Famílias Agrícolas ou Casas Familiares Rurais. Destes, um dos recortes adotados para a seleção dos jovens foram os critérios de gênero e raça, priorizando os índio-descendentes, afro-descendentes e as mulheres.
Dos 3 mil jovens matriculados nas 104 turmas em todo o Nordeste, 1.657 foram mulheres, o correspondente a 55% das vagas. Os afro-descendentes responderam por 25% e os indígenas 1% do total, o que em números absolutos significou 752 e 35 alunos, respectivamente. Como exemplo, no distrito de Trancoso, em Porto Seguro (BA), os jovens abraçados pelo projeto atendem a esse perfil. Formada no ensino médio e às vésperas de completar 24 anos, a jovem Inês Bruna Lima foi uma das alunas contempladas com uma bolsa e participou do curso de culinária, ministrado pelo Instituto Aliança na região.
Para Inês a qualificação era a especialização que faltava para alçar vôos ainda mais altos. “Eu já trabalhava na área, mas queria um trabalho melhor. Aí surgiu uma oportunidade no Club Med aqui da região e na entrevista perguntaram se eu tinha especialização na área de culinária. Aí eu usei o curso do Consórcio como referência e eles me contrataram. Aprendi muito, especialmente, sobre as questões técnicas da área, um conhecimento que eu não tinha”, relatou Inês.
Histórico do projeto – O Consórcio nasceu com o objetivo de fornecer estudos técnicos para que filhos e filhas de agricultores rurais, com idades entre 16 e 24 anos, pudessem dar prosseguimento às atividades já desenvolvidas pelas suas famílias ou aprendessem um novo ofício, para continuarem tirando o sustento do campo. Foram disponibilizadas formações que tiveram como eixos temáticos desenvolvimento pessoal e social, atividades de estímulo à continuidade do estudo, inclusão digital, além da formação técnica para inserção no mundo do trabalho.
Em cada município dos sete estados beneficiados, uma ou mais entidades locais ficaram responsáveis pela execução dos cursos e, de acordo com a identidade de cada região, puderam desenvolver trabalhos direcionados à própria comunidade. Na 1ª edição do Consórcio, que aconteceu entre 2006 e 2007, a meta de atender 2 mil jovens foi alcançada. O nível de evasão foi de apenas 4% e a expectativa de inclusão do mundo do trabalho foi superada. O objetivo era que 600 jovens encerrassem o curso e iniciassem uma atividade na área de treinamento, mas esse número quase dobrou: 1.056 terminaram a qualificação e começaram a trabalhar.
Histórico Institucional – O Instituto Aliança com o Adolescente é uma associação sem fins lucrativos qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Foi fundada em janeiro de 2002, com o objetivo de assumir a coordenação do "Projeto Aliança com o Adolescente pelo Desenvolvimento Sustentável do Nordeste", resultado da articulação com o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Kellogg, a Fundação Odebrecht e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os conhecimentos gerados a partir desse primeiro desafio e da experiência acumulada por sua equipe de profissionais permitiram que o Instituto Aliança ampliasse e diversificasse as suas ações. O objetivo passou a ser, também, a partilha dos aprendizados e das tecnologias sociais já consolidadas, além de contribuir com a concepção e o aprimoramento de programas e políticas sociais no âmbito nacional e regional.
Apenas em 2008 atuou em 12 estados brasileiros (Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe). Como resultado do trabalho realizado, ainda no ano anterior, obteve o reconhecimento da International Youth Foundation (IYF), que é uma organização global sem fins lucrativos dedicada exclusivamente a preparar jovens para serem cidadãos saudáveis, produtivos e engajados. (Fonte: Ascom do Instituto Aliança)