“A beleza daqui é estonteante, não tem como chegar aqui e não se encantar”. Essa é opinião da empresária Gracie Lisen, natural do litoral do São Paulo, mas que reside em Ilhéus há 19 anos. Essa também é opinião compartilhada por tantos outros visitantes que chegam à cidade, e que acabam residindo na cidade. Depois de conhecer melhor todos os encantos de suas ruas e todo o aconchego de seus munícipes, eles descobrem que a cidade tem muito mais a oferecer do que a beleza de 8 mil quilômetros de praia ou dos seus casarões repletos de histórias centenárias.
No dia 28 de junho, Ilhéus chega à marca de 475 anos e 178 de elevação à cidade. Ao retornar à sua origem chegamos ao período das capitanias hereditárias, durante o século XVI, quando o rei de Portugal D. João III fez a doação uma grande extensão de terra para o escrivão da corte real, Jorge de Figueiredo Correia, que instalou a sede administrativa na Ilha de Tinharé em 1535. Após Francisco Romero, que foi designado que passou a ficar à frente da administração da capitania enfrentar e pacificar sua relação com os índios Tupinambás, tornou-se possível a Fundação Cultural da Vila de São Jorge dos Ilhéus.
A região tornou-se produtora de cana-de-açúcar, impulsionando a circulação de riquezas e a construção de muitos casarios, igrejas à exemplo da que resiste até os dias de hoje no distrito do Rio de Engenho, a Capela de Nossa Senhora de Sant’ Ana, tombada como patrimônio pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A igreja é a terceira capela rural mais antiga do país e foi construída sob as ruínas do engenho de Sant’Ana, um dos primeiros engenhos de cana-de-açúcar no Brasil, fundado em 1537. Em 1548, é estabelecido o Governo-Geral da colônia acabando com o sistema de capitanias hereditárias, período em que a lavoura canavieira já se encontrava em decadência.
No século XVIII, foram trazidas mudas de cacaureiros vindos da Amazônia, que logo se adaptaram às condições climáticas da região. Em pouco tempo, a fruta, ou melhor o fruto de ouro (numa alusão à sua cor laranja-amarelada), transformou Ilhéus na principal produtora de cacau na Bahia, fazendo com que o início do século passado fosse marcado por uma explosão de desenvolvimento. Durante várias décadas a cidade viveu um novo cenário de muita riqueza e a chegada de muitos grupos de imigrantes ajudou a influenciar numa nova identidade para o município. A economia de cidades vizinhas também foi contagiada dando origem a região da Costa do Cacau.
Mesmo após a crise protagonizada pela vassoura-de-bruxa, que assolou a lavoura cacaueira, abalou a economia local e endividou dezenas de produtores, a região continuou mundialmente conhecida pelo nome do fruto, graças a boa parte das obras do escritor Jorge Amado, que ajudou a propagar nossos costumes pelo mundo. Porém, a realização da primeira edição do Festival de Chocolate, entre os dias 10 e 14 deste mês no Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães deu fortes indícios de que os efeitos da decadência da lavoura cacaueira parecem ter ficado aprisionados no passado. O grande volume negócios, público total estimado em oito mil pessoas e data certa para a segunda edição (De 2 a 6 de junho de 2010) atestam o sucesso do evento e revelam que o grande empenho do empresariado local em transformar a região cacaueira em região produtora de chocolate fino, são em prol de uma causa que tem tudo pra dar certo.
Voando alto – Mesmo passando por sérias dificuldades no que diz respeito ao funcionamento do Aeroporto Jorge Amado – principal porta de entrada e saída de turistas para a região sul e que desde o ano passado continua sem suporte eletrônico, apenas visual, o que ocasionou a perda de quatro vôos diários – Ilhéus respira um pouco mais aliviada com a chegada da companhia regional Trip Linhas Aéreas e da linha Ilhéus - Vitória (ES). Além de ser uma nova opção de horário e de trazer maior comodidade à pessoas que necessitam voar com frequência até esses destinos, o novo vôo significa uma luz nesse momento atribulado e de futuro ainda incerto.
Complexo Porto Sul – Ilhéus está prestes a escrever uma nova página em sua economia com a implantação do complexo Intermodal Porto Sul, cujas obras devem ser iniciada já neste segundo semestre. O Porto Sul será construído na Ponta da Tulha e contempla porto off shore, aeroporto e ferrovia com 1,5 km que ligará Ilhéus à cidade de Caitité, sendo responsável pelo escoamento de grãos e minério de ferro. Para o prefeito de Ilhéus, Newton Lima, “essa página a ser escrita vai significar um novo animo para a região e a uma ótima oportunidade de fazer Ilhéus despontar no cenário econômico nacional”.(Fonte: Ascom da Prefeitura de Ilhéus)