Superação: Vitória da Conquista tem uma das menores taxas de mortalidade infantil do Nordeste

Quem vê David, 3 anos, correndo e brincando pela casa nem imagina o quanto ele lutou para sobreviver. O menino nasceu com atresia do duodeno, uma obstrução no intestino que evoluiu para um quadro de infecção avançada. Sua mãe, a professora Ana Cláudia Santos, chegou a duvidar que a criança sobreviveria. “O quadro dele era muito grave; esse problema não é comum. Ele precisava fazer a cirurgia com urgência e se não fosse a UTI do Esaú Matos tenho certeza que meu filho não estaria aqui”. David passou por três cirurgias em menos de vinte dias e ficou sessenta e seis dias na UTI Neonatal do Hospital Esaú Matos. “A UTI forneceu todo o suporte que ele e nós precisávamos. No período em que eu estive lá, convivi com diversas pessoas de todo o Sudoeste da Bahia e até de Minas que também estavam com suas crianças internadas. Eu diria que a criação desta UTI foi fundamental e importantíssima”, afirmou.
Até 2002, os recém-nascidos que precisavam de atendimento especializado eram transferidos para Salvador. Com a implantação da UTI Neonatal do Hospital Municipal Esaú Matos, crianças como David passaram a receber todos os cuidados necessários no município de Vitória da Conquista.

A iniciativa, do Governo Participativo, de implantar este equipamento público contribui significativamente para reduzir os índices de mortalidade infantil e tirar a cidade da indesejável posição que ocupava em 1996 – Vitória da Conquista tinha uma das maiores taxas de mortalidade infantil do Nordeste. Naquela época, os dados do Ministério da Saúde registravam que para cada mil crianças nascidas vivas, 29 morriam antes de completar o primeiro de vida. Entretanto, como muitas famílias, principalmente na zona rural, não registravam as crianças assim que nasciam, acabava acontecendo uma sub-notificação em relação ao número de óbitos. Estima-se que os índices reais de mortes de crianças com menos de um ano de idade, em 1996, tenham girado em torno de 55 para cada mil nascidas vivas.
Vitória da Conquista terminou 2008 com uma taxa de mortalidade infantil de 19,9 /mil, uma das menores entre os municípios nordestinos.
Hospital Esaú Matos - A implantação da UTI Neonatal no Hospital Esaú Matos representou uma ação eficaz no combate a mortalidade perinatal, que atinge crianças com até sete dias de vida e corresponde a 50% dos casos de mortalidade infantil.
Para oferecer um tratamento de excelência aos recém–nascidos, o Esaú Matos dispõe de sofisticados equipamentos e de uma equipe com capacitação específica, composta por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.
Além disso, os pais dos bebês recebem atenção especial, com acompanhamento psicológico, reuniões semanais para se informar sobre o funcionamento da UTI e discutir temas importantes para o desenvolvimento das crianças.
O hospital também faz a identificação dos recém-nascidos de risco, como por exemplo, crianças que apresentam baixo peso ao nascer (menos de 2.500 gramas), crianças com má formação congênita, filhos de mães portadoras de HIV ou crianças cuja mãe já perdeu um filho com menos de 2 anos de vida. Estes bebês fazem todo o tratamento necessário no Hospital Esaú Matos e recebem atenção especial dos serviços de saúde.
Atenção ao parto - A atenção adequada ao parto também é um dos fatores importantes para a redução da mortalidade perinatal. Por isso, o Hospital Esaú Matos vem garantindo atendimento humanizado e possibilitando o máximo de contato entre a mãe e o bebê. Hoje, mães e filhos ficam em alojamentos conjuntos e não mais em quartos separados.
Mãe canguru - Crianças abaixo do peso participam do projeto Mãe Canguru, uma outra forma de proporcionar contato constante entre a mãe e o bebê prematuro durante o período em que a criança permanece internada no hospital. Quando o bebê não corre mais risco de morte, é colocado, todos os dias, num tecido acolchoado ao redor do tórax da mãe, imitando uma bolsa de canguru. O principal objetivo do projeto é fazer com que o bebê não se torne um estranho para a mãe, o que normalmente ocorre já ela não leva a criança para casa após o parto. Todo este trabalho é acompanhado pela equipe de profissionais do hospital.
Aleitamento materno - Já na sala de parto, a mãe é orientada a amamentar pela primeira vez o recém-nascido. A adoção do aleitamento materno contribui para a redução da mortalidade infantil, quer melhorando o estado nutricional, quer impedindo o surgimento de diarréias. Além disso, fornece imunidade e propicia uma troca intensiva de amor entre a mãe e a criança.
Banco de Leite Humano – Em 2004, foi criado o Banco de Leite Humano do Hospital Municipal Esaú Matos. O leite doado é utilizado na amamentação dos bebês prematuros que ficam internados no hospital e garante que as crianças tenham acesso a este importante alimento.
Em sete anos de funcionamento, a UTI neonatal do Esaú atendeu a milhares de crianças. Todos os meses, a administração municipal investe aproximadamente um milhão e duzentos mil reais para a manutenção do hospital, pagamento de pessoal e compra de medicamentos. Hoje, a UTI, que é a única totalmente pública do interior da Bahia, conta com 10 leitos de UTI intensiva e 14 leitos na UTI semi-intensiva.
Construção de um novo sistema de saúde – Outro fator primordial para a redução dos índices de mortalidade infantil em Vitória da Conquista foi a reestruturação completa do sistema de saúde. A partir de 1997, o Governo Participativo investiu na construção de um sistema público de saúde com foco no Programa de Saúde da Família. Naquela época, o município contava com apenas 7 unidades básicas tradicionais e uma equipe composta por 25 auxiliares de enfermagem, 6 enfermeiros, 4 dentistas e 9 médicos. Atualmente existem 38 Unidades de Saúde da Família que abrangem toda a zona urbana e rural do município, além de sete unidades básicas tradicionais. São 38 médicos, 58 enfermeiros, 30 cirurgiões dentistas, 95 auxiliares de enfermagem e 502 agentes comunitários de saúde.Programa de Saúde da Família - O Programa Saúde da Família (PSF) é o portal de entrada para toda a rede implantada pelo município e promove a assistência básica à saúde da população. As equipes fazem um acompanhamento periódico e estão sempre perto da comunidade. A partir do trabalho desenvolvido pelas equipes de saúde da família, foi possível difundir informações sobre como cuidar da saúde, desde a gestação até o crecimento e desenvolvimento da criança, sobre a saúde da mulher, o aleitamento materno, as vacinas necessárias e as patologias da infância.
NASF - Para fortalecer a estratégia de Saúde da Família foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Atualmente são quatro núcleos, formados pelas seguintes categorias profissionais: educador físico, psicólogo, farmacêutico, nutricionista e fisioterapeuta. Cada núcleo é responsável pela área de abrangência de 8 a 10 equipes de Saúde da Família. As ações envolvem atendimento individual, atividades em grupos prioritários, articulação de parcerias junto à equipe de Saúde da Família, capacitação dos profissionais das equipes, ações educativas e incentivo a criação de espaços de inclusão social.
Redução da mortalidade infantil - Além das ações diretamente ligadas a saúde, o governo tem investido em políticas públicas de saneamento básico, infraestrutura, melhorias habitacionais, que também contribuem para a melhoria progressiva da qualidade de vida da população e redução da mortalidade infantil.
O resultado de todo este trabalho, que começou em 97 e fez de Vitória da Conquista uma referência em saúde pública, é uma reversão total dos indices de mortalidade infantil no município. A cidade - que, em 1996, tinha uma das maiores taxas de mortalidade entre crianças com até um ano de idade, do Nordeste - hoje é considerada um exemplo de cuidado e respeito à vida e à infância. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Vitória da Conquista)