CCJ do Senado aprova fim do mecanismo que retira 20% das verbas da educação

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou na quarta-feira (14) o fim da Desvinculação de Receitas da União ( DRU ) em relação às verbas destinadas à educação, a partir de 2011. Assim, as verbas dirigidas pelo Orçamento da União ao setor não poderão ter outro destino que não o investimento em educação. O texto segue agora para o Plenário do Senado e, se aprovado, será promulgado pelo Congresso Nacional, tornando-se uma norma constitucional.

Embora o fim da desvinculação de 20% dos recursos para a educação só esteja previsto para ocorrer a partir de 2011, a PEC (96-A/03) estabelece redução da DRU já em 2009 e 2010. O mecanismo deixaria de reter 7,5% em 2009 15% em 2010, liberando verbas extras de R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões, respectivamente. O texto aprovado resultou da junção, na Câmara dos Deputados, de algumas PECs, entre as quais uma da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) encaminhada pelo Senado àquela Casa. A proposta da senadora previa também uma redução gradativa da DRU para efeito do cálculo dos recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE).

Em seu relatório favorável à matéria, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) disse ter sido observada, na análise da Câmara, a necessidade de recompor a capacidade de investimento da União em educação, o que demanda e justifica, "de maneira inadiável", a supressão do mecanismo da DRU em relação à área.

- A desvinculação de 20% dos recursos federais destinados pela Constituição à educação tem permitido que o governo federal os utilize livremente. Na prática, esse suposto mecanismo de flexibilização e atendimento de prioridades tem viabilizado a canalização de recursos da área educacional para a produção de superávit primário e outras despesas, com flagrante prejuízo ao desenvolvimento da educação nacional, em boa medida dependente de recursos da União - argumentou Lúcia Vânia.

A proposta inclui ainda a União e o Distrito Federal no regime de colaboração para assegurar a universalização do ensino obrigatório. Para Lúcia Vânia, a inclusão da União nesse regime constitui uma medida importante uma vez que, como alega a senadora, o governo central vem historicamente se abstendo de cumprir seu papel de assistir financeiramente os entes federativos que arrecadam menos tributos.

O texto também estabelece obrigatoriedade de ensino gratuito dos quatro aos 17 anos de idade - o que Lúcia Vânia lembra já constar de outra PEC aprovada pelo Senado - e o atendimento ao aluno em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde, prática que a relatora afirma já estar consolidada e, portanto, não constitui novidade. (Agência Senado)