Dependência financeira é motivo para perpetuação de violência contra mulheres

A dependência financeira é um dos principais motivos para que mulheres vítimas de agressões de seus maridos ou companheiros mantenham vínculos com os mesmos e estendam o período de sofrimento. No último dia da Campanha de Ativismo pelo fim da Violência contra as Mulheres, a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SPM) realizou debate, no auditório da Unime, sobre a importância de promover a independência financeira das mulheres como forma cessar os ciclos de violência sofridos.

Ponto pacífico entre as debatedoras, a secretária de Políticas para Mulheres, Mônica Marnet, destacou que a autonomia financeira é que vai mudar o cenário de violência contra as mulheres. A luta é para mudar estatísiticas como as que foram apresentados pelas debatedoras que demonstram que o acesso da mulher ao mercado de trabalho continua desigual, com menor ocupação de cargos e menores salários, o que piora quando se trata de mulheres negras.

Dados do Instituto Ethos demonstram ainda que apenas 9% dos cargos executivos são preenchidos por mulheres, desequilíbrio que se estender aos cargos inferiores hierarquicamente. As mulheres ocupam 19% dos cargos de gerência, 28% dos de chefia e apenas 28% dos funcionais. “Desde a base até o alto escalão, a participação de mulheres no mercado de trabalho ainda é pequena, o que as torna ainda mais vulneráveis aos processos de violência e humilhação praticados por homens”, disse Cristiana Copque, da Secretaria de Políticas para Mulheres da Prefeitura de Salvador. A defensora pública Cristina Ulm acrescentou ainda que a maior parte de mulheres vítimas de violência que procuram a Defensoria não possui o ensino médio, nem relações familiares sólidas.

A secretária municipal de Assistência Social e Cidadania, Maria de Lourdes Lobo, lembrou que o governo municipal deve certificar 200 pessoas na área de construção civil no próximo dia 18, dos quais a imensa maioria é de mulheres. Ela destacou a importância de as mulheres também ingressarem em áreas vistas como exclusivas para homens. A deputada estadual Fátima Nunes defendeu que a criação dos filhos e filhas também deve mudar, de maneira que haja uma relação mais respeitosa entre eles, na fase adulta. “Como estamos educando nossos filhos?”, indagou a parlamentar às participantes, dentre as quais estavam um grupo de Mulheres da Paz.

A representante do Sindicato dos Comerciários de Lauro de Freitas, Euridéia Mendes, disse que é também importante trabalhar junto aos empresários do setor a superação de velhos preconceitos. Muitas mulheres, comentou, são dispensadas do trabalho quando engravidam ou quando retornam dos períodos de licença maternidade. “Muitos chegam a dizer que a mulher, após terem os filhos, já não prestam mais, pois têm que se dedicar a amamentar as crianças e sofrem com o assédio moral”, disse Euridéia Mendes. Fazendo um aparte à fala da sindicalista, a secretária Lourdes Lobo lembrou que Lauro de Freitas já concede às suas funcionárias públicas a licença maternidade de seis meses, quando a maioria dos estabelecimentos concede apenas quatro meses. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Lauro de Freitas)