Câmara aprova emenda que aumenta recursos para a Educação

A Proposta de Emenda à Constituição 277/2008, do Senado, que acaba gradualmente com a incidência da Desvinculação de Receitas da União (DRU) sobre o dinheiro do governo federal destinado à Educação foi aprovada, em segundo turno, pelo plenário da Câmara. O texto recebeu 390 votos favoráveis e assegura também o direito ao ensino básico gratuito para crianças e jovens de quatro a 17 anos. Hoje, a universalização abrange apenas o ensino fundamental. Não houve muita polêmica na votação ocorrida ontem, 30 de setembro, no plenário da Câmara.

Por causa das mudanças feitas pelos deputados, a matéria retornará para nova análise do Senado. A PEC foi aprovada na forma de substitutivo de Comissão Especial, de autoria do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN). Atualmente, a DRU é descontada da arrecadação dos tributos e contribuições federais no índice de 20%. De acordo com o substitutivo, a DRU será gradualmente reduzida ao longo de três anos para o setor educacional. Em 2009 e 2010, serão descontados, respectivamente, 12,5% e 5%. Em 2011, não haverá mais a desvinculação.

Percentuais - A Constituição estipula em 18% da arrecadação federal os recursos que devem ser direcionados ao setor pela União. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem destinar 25% dos seus tributos à Educação.
A DRU foi criada em 1994 e o relator estima que, entre 1998 e 2008, cerca de R$ 80 bilhões, em valores corrigidos, tenham sido retirados do financiamento da Educação por meio desse mecanismo. "Os recursos vão voltar gradativamente ao setor", afirmou o deputado. Cálculos do parlamentar apresentados na votação da matéria apontam que a mudança deverá significar pouco mais de R$ 7 bilhões para a Educação em 2010 e cerca de R$ 10,5 bilhões a partir de 2011.

Universalização - O substitutivo determina que o direito ao ensino básico obrigatório e gratuito dos 4 aos 17 anos seja implantado progressivamente até 2016, com a observância do Plano Nacional de Educação (PNE) e com o apoio técnico e financeiro da União, viabilizado pelos recursos adicionais. A educação básica inclui a infantil e os ensinos fundamental e médio. De acordo com Rogério Marinho, a mudança permitirá o acesso de quase 3,5 milhões de crianças e jovens à escola pública.
A PEC também especifica, no texto constitucional, o objetivo do PNE, que será o de articular o sistema nacional de Educação em regime de colaboração entre os governos federal, estaduais e municipais. O PNE deverá definir objetivos e estratégias de implementação das ações.
A duração de dez anos do plano também passa a constar do texto constitucional, que hoje define a sua abrangência como plurianual. Este mecanismo tem permitido que os governos façam mudanças no plano para coincidirem com os mandatos. "Queremos que o PNE seja da sociedade, do Estado, e não de um governo de ocasião. A política educacional vai sobreviver aos governos", afirmou o relator. Caberá ainda ao PNE vincular a aplicação de recursos públicos no setor a uma proporção do Produto Interno Bruto (PIB). Já a distribuição dos recursos públicos, nos termos do PNE, deverá assegurar prioridade ao atendimento das necessidades de universalização. (Fonte: CNM com informações da Agência Câmara)