O principal reforço para a formatação do Pacto Municipal Contra a Violência, foi, sem dúvida alguma, o conjunto de sugestões e propostas apresentadas por técnicos em segurança e líderes comunitários durante lançamento realizado no auditório da FTC, quarta-feira (8). O promotor Cloadoaldo Anunciação considerou que Itabuna precisa de um choque de ordem, o que não significa ir de encontro aos direitos humanos, mas que passa, necessariamente, pela educação doméstica e social, bem como pelo respeito à legislação.
O representante do Ministério Público considerou que a polícia está sendo desviada da sua finalidade para “ser babá de jovens de classe média e alta que se envolvem em incidentes diversos”. Também criticou o uso de bebidas por pessoas que dirigem no trânsito, consumidas inclusive em postos de gasolina, além do aumento do consumo de drogas, um problema que afeta todas as classes sociais.
“A cidade necessita de ordem e essa é uma missão da polícia, afinal não temos cargos para traficar influência, mas para adotar procedimentos legais”, afirmou o promotor Cloadoaldo Anunciação, que defendeu a reativação do Conselho Municipal de Segurança Pública e um verdadeiro choque de ordem, com o combate à impunidade e direcionamento de recursos para o bem estar da população, com ênfase por exemplo para a educação, que seria o objeto de uma agenda positiva.
Polícia - O comandante do Policiamento do Sul da Bahia, coronel Ivo Santos Silva, considerou que a violência é hoje um fenômeno mundial. Ele explica que no quadro atual todo o trabalho de prevenção e repressão tem sido realizado pelos órgãos de segurança, e anunciou que a PM vem implementando o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), realizado por uma equipe interdisciplinar a partir do âmbito das escolas.
O coronel também falou dos investimentos da PM no aumento dos efetivos e em parcerias visando melhorar o sistema de segurança. Ele elogiou a proposta do Pacto Municipal de Contra a Violência que une os organismos que atuam na área de segurança, com o governo municipal e a própria comunidade no combate ao crime e ao mesmo tempo com a realização de ações afirmativas e de inclusão na área social.
A titular da 1ª Delegacia Circunscricional, Sione Porto, que representou a 6ª Coordenadoria de Polícia, apresentou um relatório da violência em Itabuna, onde foram registrados este ano 83 homicídios, a maioria cometido como uso de armas de fogo,osta do Pacto Municipal de Segurança Pento dos efetivos e em parcerias visando melhorar o sistema de segurança, elogiando a pro e considerou que só a repressão não resolve o problema da violência.“ Daí a importância dos investimentos na educação e na inclusão social”, ressalva.
Ao admitir a falta de pessoal, viaturas e combustível para a Polícia Civil, a delegada defendeu a proposta do pacto com a integração de ações e que se olhe a cidade como um todo, com melhoria na iluminação pública e ênfase ao combate trafico de drogas, porque viciados em crack roubam e matam para manter o vício. “Hoje, com a banalização da violência, a vida humana vale menos que um relógio”, complementou.
Câmara - O pacto também ganhou a adesão do presidente da Câmara de Vereadores, Clóvis Loyola, que associou o aumento da violência com o trafico de drogas e considerou educação um caminho positivo para a solução do problema. ”A segurança não é uma responsabilidade apenas dos prefeitos e dos políticos, mas de toda a sociedade. O que sabemos é que a situação não pode continuar como está, por isso o projeto terá o apoio do Legislativo”, garantiu.
Já o presidente do Grupo de Ação Comunitária e da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Itabuna, Oduvaldo Carvalho, lembrou que segurança não se faz sozinho e lamentou que a Lei da Madrugada aprovada pelo Legislativo tenha sido revogada depois pelos vereadores. Defendeu a busca de soluções para a questão da violência, seguindo o exemplo de Diadema e de outras cidades bem sucedidas na luta contra o crime. “Temos também a questão da educação, porque as famílias delegaram a educação dos seus filhos à escola e não educam nem para o trânsito, nem para o exercício da cidadania”.
O educador Edmundo Dourado lembrou que embora a polícia realize mais um trabalho de repressão à violência, a comunidade quer prevenção e para isso Itabuna tem de ser pensada como um pólo regional. Defendeu uma participação da imprensa no processo e também a reestruturação da educação inclusive para a família. “Mas o pacto só dará certo se tiver a participação de todos nós, porque não dá para trabalhar isolado”.
Inclusão Social - Para o líder comunitário do bairro Corbiniano Freire, Josué Bispo dos Santos, Tadeu, seria importante a realização de um grande seminário municipal para discussão da questão da violência e da segurança. Como alternativa para os problemas do setor, ele defende a inclusão de uma agenda de inclusão social no Pacto Municipal Contra a Violência e cita como exemplo o trabalho comunitário que vem realizando em seu bairro, com o Projeto Samba Vida, uma escola de percussão e música para menores. “Quem não participa não ressocializa”, argumenta Tadeu.
O radialista Val Cabral citou uma pesquisa mostrando que em 12 bairros da cidade a maior preocupação da população tem sido com relação ao tráfico de drogas, que invadem as escolas, as empresas e lares, se constituindo no maior problema da segurança pública. Destacou ainda o desaparelhamento da polícia, que não tem viaturas e nem armas para enfrentar o crime organizado. Como alternativa de combate à violência, ele propôs o monitoramento permanente dos carros que trafegam nos acessos à área urbana, inclusive com a colocação de postos de fiscalização nas rodovias. (Fonte: Ascom da Prefeitura de Itabuna)