A projeção, considerada otimista, foi feita ontem pelo secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, durante a Conferência Latino-americana de Saneamento (Latinosan 2010). "O governo federal tem destinado R$ 10 bilhões por ano às obras. Esse volume deve subir para R$ 12 bilhões com o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", adiantou. Os Estados do Sudeste estão no topo da lista dos mais beneficiados, com R$ 17,4 bilhões repassados nos últimos quatro anos, metade do total liberado.
Prioridade. A maior parte dos recursos vem sendo destinada a programas de recuperação e ampliação da rede nas áreas urbanas do País, onde estão concentrados dois terços da população. Na avaliação do secretário, "desde 2007, quando entrou em vigor a Lei de Saneamento Básico, instituindo os planos nacionais e municipais, o Brasil avançou consideravelmente, mas ainda é preciso um esforço muito maior e contínuo".
Para Tiscoski, municípios e Estados precisam se envolver mais nessas questões. "Os recursos existem. Mas a demora na apresentação de projetos que sejam coerentes com a realidade de cada região e que considerem a evolução das populações e da ocupação territorial acabam atrasando o início das obras", comentou, ao reforçar que a atenção ao saneamento básico deve ser prioridade de qualquer governo já que, entre outros, cada US$ 1 investido na área representa uma economia de US$ 4 em recursos para a saúde.
Conforme estudo feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 2.965 municípios, vai começar a faltar água em 1.896 deles (64%) em seis anos, se não receberem investimentos já - em produção de água, coleta de esgotos e proteção dos mananciais.
As condições dramáticas de saneamento das regiões metropolitanas e dos principais municípios do Nordeste e Sul reveladas nos três atlas publicados pela agência deveriam servir de alerta para a União, Estados e municípios providenciarem soluções urgentes para as regiões mais críticas. (Jornal Estado de São Paulo)